Trombocitopenia não é só por doença do carrapato

Quando no hemograma de um cão ou gato, notamos uma redução expressiva de plaquetas, imediatamente pensamos que ele podem estar acometidos de doenças transmitidas por carrapatos, como a Erlichia canis, Anaplasma platis, Babesia sp, Rangelia vitalli, Mycoplasma haemocais ou Mycoplasma haemofellis, que causam trombocitopenias auto-imunes.  Também ocorre devido a diferentes serovares de  Leptospira sp, na infecção por Dirofilaria immitis e Leishmaniadonovani chagasi.

            No entanto, por vezes nos defrontamos com trombocitopenias (ou plaquetopenias) sem causa específica, por isso as chamamos de idiopáticas.

As plaquetas ou trombócitos são células sanguíneas que são produzidos a partir de medula óssea, e são muito importantes no processo de coagulação.  Na região de um ferimento, as plaquetas são acionadas, migram para o local da lesão e liberam uma enzima chamada tromboplastina-quinase, que desencadeia a coagulação. Sua ação no organismo varia de 9 a 10 dias, sendo após este período recolhidas e direcionadas ao baço, onde serão degeneradas.

Num cão ou gato saudáveis, as plaquetas suprem perfeitamente qualquer pequeno sangramento, preservando a integridade dos vasos. São em número aproximado de 200.000 a 500.000/mm3 de sangue e cerca de um terço das plaquetas circulantes ficam armazenados no baço, e serão recrutadas se necessário.

Se começarem a aparecer hematomas espontâneos no corpo do animal, pequenos (petéquias) ou grandes (sufusões hemorrágicas), com certeza há algo acontecendo com a função ou o número das plaquetas.

Normalmente as plaquetas velhas são destruídas e recicladas no baço. Porém, há condições em que o organismo começa erroneamente a reconhecer as plaquetas como corpos estranhos, e neste caso ocorrem reações destrutivas, a partir da formação de anticorpos antiplaquetários. Muitas plaquetas são destruídas e são recolhidas pelo baço. Da mesma forma o baço deixa de reconhecer aquelas plaquetas que ficam estocadas, e também começa a destruí-las decorrendo daí um quadro de tombocitopenia imunomediada, que se não tratada a tempo, pode levar à morte.

A medula óssea começa a reagir, produzindo plaquetas mais efetivas, chamadas “plaquetas de stress”. Porém o sistema imunológico continua a reagir, produzindo anticorpos e dependendo do número destes, estas novas plaquetas também serão logo destruídas em algumas horas.

As causas para que isto aconteça são desconhecidas. Alguns citam que podem influenciar os adjuvantes das vacinas, algumas bacterinas (Leptospirose e doença de Lyme nas vacinas), toxinas, dietas de baixa qualidade, alguns medicamentos e reações alérgicas medicamentosas, e outros fatores estressantes ao sistema imunológico.

A maioria dos sinais clínicos da trobocitopenia imunomediada, está relacionada com o sangramento, com o aparecimento de petéquias e hematomas espontâneos. Outros sintomas podem incluir letargia ou fraqueza, aumento da taxa respiratória, sangramento na boca ou nariz, gengivas pálidas, fezes escuras, as quais podem indicar sangramento no trato gastrointestinal, e em casos mais graves dificuldade respiratória e morte súbita.

O diagnóstico da trombocitopenia imunomediada envolve a exclusão de todas as causas não-imunes e outras condições primárias como vírus, parasitas, fungos, bactérias, alguns tipos de câncer e administração de certas drogas. Os testes diagnósticos incluem o hemograma com plaquetometria, testes de coagulação, titulações para exclusão de possibilidade de doenças infecciosas e o teste de anticorpos antinucleares (ANA).

O tratamento envolve o uso de medicamentos imunossupressivos, fluidoterapia, transfusões de sangue total ou de plaquetas. O tratamento homeopático pode auxiliar na recuperação, após o quadro crítico, ajudando na imunomodulação e prevenção de recorrência. De qualquer modo apenas com auxílio profissional do médico veterinário será possível diagnosticar e tratar esta disfunção.

FONTE : http://mercola.fileburst.com/PDF/HealthyPets/InterviewImmuneMediatedThrombocytopenia.pdf

Por Leonora Mello