Além da miltefosina, o medicamento de escolha para controle da doença, outros protocolos mais econômicos vem sendo desenvolvidos (como allopurinol+ metronidazol+ cetoconazol) com uma taxa satisfatória de controle, porém o animal uma vez doente, tem de ser acompanhado por toda a vida, pois não se conhece ainda a erradicação total da doença.
Quanto ao diagnóstico, existe o teste rápido que pode ser feito nas clínicas como inicial quando se há suspeita da doença. A Fiocruz desenvolveu um excelente teste rápido, o TR DPP® Leishmaniose Visceral Canina. Mas o MAPA (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento) determina dois exames obrigatórios a serem feitos: o ELISA, e o RIFI ( radioimunofluorescência com diluição plena ou total).
Como nem sempre o diagnóstico positivo é fácil de ser obtido, outras formas de diagnóstico podem ser aplicadas. Pode ser realizada citologia de aspirado de linfonodos, e culturas de amostras de diversos tecidos é altamente específica, sendo o isolamento em cultura de material biológico considerado como padrão ouro. Também pode ser feito o PCR a partir de amostra da medula óssea. O PCR pode ser convencional e também há possibilidade de se fazer a quantificação da carga parasitária com PCR quantitativo.
Existe também o xenodiagnóstico e a microbiópsia. São ainda pouco utilizados em medicina veterinária, mas provavelmente serão desenvolvidas em breve.
O xenodiagnóstico é utilizado realizado para avaliação da capacidade de transferência de Leishmania infantum do cão para o vetor Lutzomyia longipalpis. Os mosquitos transmissores, chamados popularmente de mosquitos palha, são na verdade flebotomídeos, que neste procedimento são cultivados em laboratórios. A colônia de flebotomíneos utilizada no teste, são inicialmente totalmente livres do parasito. Depois eles são colocados em contato com os cães do experimento e novamente capturados, para se verificar se foram infectados pela Leishmania infantum, o que comprovaria que o cão está contaminado, isto é, avalia-se a capacidade de transferência de formas parasitárias do cão para o inseto vetor. Esta técnica também já foi utilizada para diagnosticar gatos portadores da doença, que desenvolvem poucos sintomas típicos, que se confundem com outras doenças da espécie.
A microbiópsia (MB) necessita de um instrumento especial, o “punch”, que é muito menor do que os utilizados nas biópsias comuns, podendo também ser feita a laser. A MB vem sem utilizada para diagnóstico de tumores, mostrando-se útil também no diagnóstico seguro de leishmaniose, pois embora retire uma amostra muito pequena, é capaz de coletar aproximadamente 1600 células da pele e um pouco do sangue local.
Tanto o xenodiagnóstico quanto a microbiópsia são boas técnicas para avaliação do sucesso de uma terapia anti-parasitária no animal portador de leishmaniose, e deverão ser mais utilizados e mesmo aperfeiçoados em Medicina Veterinária.
Literatura consultada:
FIOCRUZ. DPP® Leishmaniose Canina .Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/produtos/reativos/testes-rapidos/dppr-leishmaniose-canina
NERY,G. Avaliação da infectividade parasitária a Lutzomyia longipalpis por xenodiagnóstico em cães tratados para leishmaniose visceral naturalmente adquirida. Pesq. Vet. Bras. 37(7):701-707, julho 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pvb/a/TWqbZLQzYnwpL6qfFSPSRDp/?format=pdf&lang=pt