O excessivo uso de antibióticos e a urgência de um plano para seu consumo racional Bom senso- Expertise- Alternativas

Outro aspecto, é que em nosso país não existem políticas públicas que favoreçam o descarte seguro de antibióticos vencidos, sobras de tratamento. Eles acabam indo para o lixo comum, ou jogados no esgoto, o que favorece seleção de microrganismos resistentes nas águas e no solo. Tais medicamentos, assim como quimioterápicos orais, antiinflamatórios, hormônios, substâncias psicoativas, todos estes já deveriam ter um destino seguro de descarte, mas ainda seguem contaminando o meio ambiente. Na verdade, em poucos lugares no mundo existe uma real preocupação em monitorar o descarte de resíduos farmacêuticos no meio ambiente, assim como a fiscalização no tratamento dos efluentes das indústrias. É necessário ainda que se desenvolva, e muito uma verdadeira consciência ambiental. É fácil falar e criticar, o difícil é fazer, fiscalizar, tanto em larga escala, como a nível individual.

            No que diz respeito `medicina veterinária, o consumo de antibióticos veterinários vem apresentando aumento significativo e foi justificado por proporcionar benefícios para a saúde animal, bem-estar e segurança alimentar, como prevenção e tratamento de doenças animais, proteção de humanos contra zoonoses, melhoria da eficiência da produção animal, e sem dúvida inestimáveis benefícios sanitários e econômicos benefícios para consumidores e produtores.

            No entanto, faz-se necessário o uso prudente de antibióticos em humanos e animais para diminuir a pressão seletiva sobre patógenos resistentes e controlar o desenvolvimento de resistência ambiental. Atualmente é estimada a utilização de 60 mil toneladas de antibióticos pela pecuária, anualmente, no mundo todo, e deve aumentar para 105 mil toneladas, adverte a Agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO). Por outro lado, na Europa, onde a população e os governos têm se preocupado bastante e desenvolvido planos de controle do uso de antibióticos na pecuária, uma das principais questões é se o atual declínio do uso de antibióticos na pecuária, que hoje está com redução de 37% é uma tendência sustentável, e por quanto tempo, diante de desafios sanitários e advindos da necessidade de segurança perante a Saúde Pública.

            A utilização prudente e racional dos antimicrobianos deve ser considerada como uma importante questão ética na profissão veterinária. Os veterinários têm a obrigação ética de utilizar e prescrever, quando indicados, antimicrobianos adequados para curar infecções em seus pacientes, contribuindo, assim, para a saúde e o bem-estar dos animais. Além disso, por razões de saúde pública, os veterinários têm a responsabilidade de adoção da utilização prudente e racional de antimicrobianos. Eles também têm a importante função de informar agricultores e proprietários ou gerentes sobre os potenciais efeitos na saúde pública associados ao uso imprudente ou irracional de antimicrobianos em animais e ensiná-los o correto manuseio e administração de produtos antimicrobianos.

             Em 2018, a OIE publicou um documento sobre o uso responsável e prudente de agentes antimicrobianos na medicina  veterinária, e que foi adotado pelo MAPA – Ministério de Agricultura , Pecuária e Abastecimento, precisamente pela Comissão de Boas Práticas e Bem estar Animal – CBPA. Este documento aponta as diretrizes para o uso responsável e prudente de agentes antimicrobianos em medicina veterinária, com o objetivo de proteger a saúde animal e humana, bem como o meio ambiente. Define as responsabilidades respectivas da autoridade competente e das partes interessadas, como a indústria farmacêutica veterinária, os veterinários, os fabricantes de alimentos para animais, os distribuidores e os produtores de alimentos para animais que participam na autorização, produção, controlo, importação, exportação, distribuição e utilização de medicamentos veterinários.

            Nosso pensamento é totalmente alinhado com o parecer do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo- CRMVSP, em artigo de 21/11/2018 : “O médico-veterinário homeopata pode ser reconhecido também como um agente de saúde pública. O controle mais efetivo das zoonoses, por exemplo, gera menor impacto ambiental quando realizado dentro dos processos da terapêutica homeopática… O médico-veterinário homeopata pode ser reconhecido também como um agente de saúde pública. O controle mais efetivo das zoonoses, por exemplo, gera menor impacto ambiental quando realizado dentro dos processos da terapêutica homeopática.”

             Faz-se necessário uma adequada expertise sobre o assunto, enormemente abrangente que é a segurança alimentar, saúde de todas as espécies animais, de companhia, de produção, selvagens, meio ambiente e o próprio ser humano. Faz-se necessário aliar o conhecimento cada vez mais amplo e atualizado com o bom senso, na escolha das armas a serem utilizadas na prevenção, controle e tratamento dos agravos produzidos por agentes infectoinfecciosos, com um olhar multidirecional e buscando as melhores e menos impactantes saídas para o estabelecimento e manutenção da Saúde em todo o contexto humano, animal e ambiental.

Literatura consultada:

CRMVSP. Da clínica ao campo, Homeopatia Veterinária é especialidade em ascensão. Disponível em: https://www.crmvsp.gov.br/arquivo_release/21.11.18.Da_clinica_ao_campo_Homeopatia_Veterinaria_e_especialidade_em_ascensao.pdf

EMBRAPA/REPILEITE.  Embrapa Pecuária Sudeste usa homeopatia para redução de medicamentos no rebanho leiteiro. Disponível em:

Abril de 2020.http://www.repileite.com.br/profiles/blogs/embrapa-pecuaria-sudeste-usa-homeopatia-para-reducao-de-medicamen

FORTANÈ, N. Veterinarian ‘responsibility’: conflicts of definition and appropriation surrounding the public problem of antimicrobial resistance in France. Palgrave Communications.Disponível em: https://doi.org/10.1057/s41599-019-0273-2

GUARDABASSI,L.; KRUSE, H.Princípios da Utilização Prudente e Racional de Antimicrobianos em Animais. In; Guia de Antimicrobianos em Veterinária. Cap.1. P18030. Disponível em:.https://statics-americanas.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/27113326.pdf

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SANTIAGO, G; BUZZ,L.(trad.). Uso responsável e prudente de agentes antimicrobianos em Medicina Veterinária.cap. 6.10. MAPA/CBPA. 2/09/2018. Disponível em:https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/arquivos/CAPTULO6.10.USORESPONSVELEPRUDENTEDEAGENTESANTIMICROBIANOS.pdf

By Leonora Mello

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