Alterações do baço em cães – PARTE I – Esplenomegalia persistente

·        Em passado recente, poucos davam valor às funções do baço. Hoje se sabe que ele é um importante órgão do sistema hematopoiético, com papel de destaque no sistema imunológico e só deve ser retirado em último caso. Ele possui múltiplas funções entre as quais :

  • produção extra-medular de glóbulos vermelhos;
  • armazenamento de células;
  • filtração do sangue;
  • produção de células de defesa;
  • o ferro reciclado das velhas células vermelhas do sangue é armazenado no baço, onde aguarda o transporte para a medula óssea.

                   Exames de imagem, e o mais frequente é a ultrassonografia, mostram aumentos do baço, às vezes persistentes, sem que se conheçam as causas. A congestão do baço pode ocorrer por causas variadas, como a administração de certos medicamentos, como agentes anestésicos ou tranquilizantes, por exemplo. A congestão também pode ocorrer devido ao aumento da pressão arterial secundária à uma hipertensão do sistema porta, em algumas alterações hepáticas, decorrentes de intoxicações, shunts hepáticos, secundariamente à cardiopatias.

                  O baço pode reagir exageradamente a condições específicas, resultando em um processo de doença conhecido como esplenomegalia hiperplásica ou reativa. Um baço pode se tornar reativo quando há estimulação excessiva do sistema imunológico por condições como doenças imunomediadas, infecções bacterianas, doenças transmitidas por carrapatos, entre outras.

                   A esplenomegalia pode ocorrer ainda por torção, o que determina uma emergência cirúrgica. Pode ocorrer devido a um trauma, junto de uma torção gástrica, ou sem uma causa determinante conhecida.

                   Outra causa que determina aumento generalizado ou parcial do baço, são os tumores, que podem ser benignos e malignos, sendo que entre os malignos o mais frequente é o hemangiossarcoma.

Nem sempre haverá necessidade de remoção do baço, e esta só deve ser realizada em último caso. Entre as enfermidades não tumorais mais frequentes estão as doenças transmitidas por carrapatos como a Erlichia sp, Anaplasma sp, Hepatozoon, Babesia sp, Rangelia sp, além da leishmaniose visceral. O cão pode estar ou não sintomático. Pode apresentar anemia, febre, perda de peso diminuição do apetite, mucosas pálidas, dor abdominal. Ou a esplenomegalia pode ser um achado em um exame de imagem de rotina. O tratamento da causa primária em geral determina a normalização esplênica, embora ela seja gradativa e demore algum tempo. E em outros casos, se houver envolvimento de mecanismos autoimunes ela se torne permanente e é necessário monitoramento, junto do quadro clínico e laboratorial.

                   Os hematomas também são causas de aumento do baço em cães, representando mais de 50% dos casos de esplenomegalia. Podem ocorrer por trauma, mas muito mais frequentemente por infartos esplênicos e desordens da coagulação, sobretudo em cães idosos. Em geral  são reabsorvidos após um período de tempo, mas outros crescem exponencialmente e eventualmente se rompem. Um hematoma rompido com origem no baço é uma emergência e, frequentemente, o animal experimenta um episódio de colapso agudo seguido por uma perda significativa de sangue no abdômen (hemoabdomen). Dependendo do tamanho do hematoma, será recomendado a remoção do baço.

                   A ultrassonografia e a tomografia computadorizada são determinantes para o diagnóstico de esplenomegalia em animais e tem evitado muitas cirurgias exploratórias desnecessárias (chamadas celiotomias ou laparotomias), ou determina a urgência cirúrgica, em outros casos.

                   A esplecnectomia, embora seja uma cirurgia que salva vidas, deve ser indicada com critério, e é importante que o cirurgião tenha certeza que as condições clínicas do paciente sejam favoráveis ao êxito cirúrgico. Não é uma cirurgia fácil, nem tampouco o seu pós operatório. Sempre será necessário obter bolsa de sangue para seu provável uso no trans-operatório, e o repouso do animal após a cirurgia deve ser absoluto por no mínimo 10 dias, tendo rigorosa monitorização para um a boa cicatrização dos pontos externos e sem riscos de infecções secundárias. A doenças de base deverão ser acompanhadas e tratadas.

                 Junto do tratamento clínico ou cirúrgico convencionais, podem ser realizados tratamentos integrativos e complementares, como a homeopatia, fitoterapia (brasileira ou chinesa), de acordo com a enfermidade e seu diagnóstico. Medicamentos homeopáticos como Chionanthus, Ceanothus, Bellis perenis, Euphorbium officinarum podem auxiliar assim como fitoterápicos como tinturas de Tabebuia, Sete Sangrias, Pariparoba, Cordão de frade. Na Homeopatia Antroposófica temos o Viscum album injetável, cada vez mais utilizado para diferentes afecções.

Material consultado:

LONG BEACH ANIMAL HOSPITAL. Spleen Disease. Disponível em: https://lbah.com/feline/spleen-disease/

PET MD. Enlarged Spleen in Dogs. Disponível em: https://www.petmd.com/dog/conditions/cardiovascular/c_multi_splenomegaly

By Leonora Mello