Vitamina D e os felinos domésticos – parte II – Deficiência e Suplementação

 

Todos sabem da importância da Vitamina D em filhotes, para evitar o raquitismo, já que a mesma auxilia na fixação do cálcio, aumentando a absorção do mesmo no intestino, reduz a perda pela urina e facilita sua ligação aos ossos, com a ajuda do sol, no caso dos herbívoros e seres humanos. No entanto, cães e gatos  não conseguem transformar a vitamina D na sua forma ativa através do sol, eles necessitam ingeri-la no alimento.

O hipotireoidismo diminui a absorção de vitamina D, assim como nos casos dos gatos que fazem uso de substâncias para tratar o hipertiroidismo com o metimazole e derivados , ou felimazole, a vitamina D deve ser dosada, para verificar se não está havendo carência . Gatinhos que ingerem grandes quantidades de fígado são propensos à hipervitaminose A, que por sua vez concorre com a diminuição da absorção de vitamina A.

Normalmente, há vitamina D suficiente nas rações para gatos. Mas naqueles que estão com algum problema metabólico de absorção, ou em animais que não tem acesso às rações balanceadas, pode haver carência. Também em animais internados, com doenças graves, convalescências prolongadas, portadores de neoplasias, há estudos na faculdade de Edimburg que a suplementação de vitamina D ajuda bastante na recuperação dos mesmos. Foram analisadas amostras de sangue de 99% dos gatos que foram internados no hospital veterinário da universidade, com algum risco de morte. O exame era feito logo que os felinos chegavam ao local. Então descobriram que os gatos que tinham níveis maiores de vitamina D tinham uma maior probabilidade de estarem vivos 30 dias depois.

A partir destes resultados os pesquisadores querem descobrir se a vitamina influencia no risco dos gatos desenvolverem doenças.  No Brasil, Moraes (2014), publicou na revista Cães & Gatos que evidências recentes correlacionam níveis insuficientes de vitamina D com um risco aumentado de desenvolvimento de outras patologias não ósseas: doenças cardiovasculares, hipertensão, neoplasias, diabetes, demência, artrite reumatoide, doenças infecciosas. Os diferentes efeitos da vitamina D são mediados por vários receptores em diferentes localizações, que regulam mais de 200 genes. Além dos receptores presentes no intestino e no osso, receptores de vitamina D foram identificados no cérebro, próstata, mama, cólon, células do sistema imunitário, do músculo liso vascular e em miócitos cardíacos.

Moraes (2014) afirmou ainda que níveis insuficientes de vitamina D, tal como ocorre em humanos, podem estar relacionados a uma maior prevalência de doenças crônicas como as autoimunes, as neoplásicas e as cardiovasculares. Há ainda um fato com relação à ação da vitamina D na resistência à insulina, os efeitos podem também ser diretos (via estímulo da vitamina D para expressão do receptor da insulina, aumentando, assim, a resposta insulínica ao estímulo da glicose) ou indiretos (via concentração de cálcio intracelular). Maiores estudos deverão comprovar estas evidências e mostrar com maior segurança as doses ideais de suplementação para os animais que necessitarem de suporte vitamínico dom vitamina D.

Os valores de referência de vitamina D em gatos são : 65-170nmol/L e em cães: 60-215 nmol/L. Os valores de referência de cálcio sérico em cães e gatos são:  9-11,3mg/dl.

Em cães alguns autores citam que a quantidade de vitamina D3 teria de ser aproximadamente 22UI/kg /dia, mas em gatos podemos encontrar prescrição de  doses de 500 UI-2000UI/kg/dia. Estas controvérsias quanto às necessidades diárias, e seus benefícios  tem que ser mais estudadas e elucidadas.

By Leonora Mello

 

Referências bibliográficas:

MORAES,LF.A Vitamina D3 será somente uma vitamina? Disponível em http://www.caesegatos.com.br/vitamina-d3-sera-simplesmente-uma-vitamina/

PEIXOTO, P.; KLEM, MAP; TICIANA,N F; NOGUEIRA,VA. Hipervitaminose D em Animais. Pesq. Vet. Bras. vol.32 no.7 Rio de Janeiro July 2012

Vitaminas.https://eliasnutri.files.wordpress.com/2012/04/vitaminas-2013-i-modo-de-compatibilidad.pdf