NÃO CONFUNDIR ESPOROTRICOSE COM DOENÇA DA ARRANHADURA DOS GATOS

doença da arranhadura do gato

esporotricose – nota-se lesão em focinho do gato, e no percurso linfático na lesão do antebraço da pessoa contaminada

Como é sabido, a incidência de esporotricose aumentou muito em vários municípios do Estado do Rio de Janeiro.
A esporotricose é uma micose sistêmica, com características de zoonose, isto é , pode ser transmitida ao ser humano.
O fungo Sporotrix spp fica no ambiente, terra, espinhos de rosas, pedaços apodrecidos de madeira, troncos de árvores. O gato tem contato com os locais contaminados e podem ter os esporos nas unhas. Quando há brigas, imunidade baixa e/ou baixas condições higiênico-sanitárias, ele pode manifestar na pele a doença, ou mesmo em sua forma mais profunda, no interior do focinho, onde ele ficará deformado ou mesmo destruído se não houver um tratamento efetivo com itraconazol , as vezes associado ao iodeto de potássio, e isolado de outros até sua alta clínica.
Eventualmente, o ser humano pode se contaminar com esporotricose  pela arranhadura de animais sintomáticos, isto é, que tenham as lesões características da doença. 
Há outra lesão que pode aparecer em decorrência, que é chamada de ” doença da arranhadura do gato” provocada por Bartonella henselae., uma bactéria que pode ser transmitida pela arranhadura de gatos, em pessoas idosas ou imunologicamente debilitadas, em pobres condições higiênicas, como por exemplo, gatos infestados de pulgas, que perpetuam a permanência da bactéria, por serem vetores das mesmas.
Estes agravos ocorrem principalmente se a pessoa já tenha um comprometimento imunológico, ou se não houver um cuidado na desinfecção de eventuais arranhaduras, que devem ser imediatamente lavadas com água e sabão e desinfetada com álcool 70. Com os devidos cuidados, não há complicações, mas se a cicatrização estiver demorando, deve-se procurar serviço médico para o tratamento adequado e eficaz, inclusive para ser feito o diagnóstico diferencial entre as enfermidades. Em casos complicados, pode se transformar em uma enfermidade crônica, e deve ser tratada com antibióticos sistêmicos até total remissão. O diagnóstico diferencial deve ser feito com esporotricose e leishmaniose.
Lembrando que a esporotricose no homem segue o trajeto dos vasos linfáticos, criando lesões encadeadas, chamadas de rosário, sendo mais frequentes em membros superiores e face. O melhor caminho para evitar estas doenças é manter a saúde dos gatos domésticos, telando todas as saídas de casa, evitando que ele se contamine com gatos não domiciliados. Mantenha o máximo de higiene possível, vacinas e vermifugação em dia,  boa alimentação, e procure um médico veterinário sempre que tiver sob sua responsabilidade um animal que apresente modificações em seu estado de saúde, lesões na pele, e quaisquer outras alterações.

 

Se não for possível o acesso ao animal  que provocou a lesão para exames referentes à esporotricose, deve ser realizado diagnóstico presuntivo da doença da arranhadura do gato (DAG), conforme critérios propostos por Margileth em pacientes com quadro clínico compatível (necessária a presença de pelo menos três dos quatro seguintes critérios):

■ Contato com gatos ou pulgas (mesmo sem lesão de inoculação);

■ sorologia negativa para outras causas de linfadenopatia e/ou pus estéril aspirado de linfonodo e/ ou PCR positivo para B. henselae e/ou lesões hepáticas/esplênicas vistas na TC;

■ sorologia positiva (ELISA ou RIFI ≥ 1:64);

■ exame histopatológico mostrando inflamação granulomatosa consistente com DAG ou identificação dos microrganismos pela coloração de Warthin-Starry.

Literatura consultada

SOUZA, G.S.Doença da arranhadura do gato: relato de caso. Disponível em: rmmg.org/exportar-pdf/295/v21n1a14.pdf. Acesso em 23/06/2018

 

by Leonora Mello